sexta-feira, 13 de maio de 2011

2º Dia de Trilha entre Smitswinkel Bay e Simonstown 15km - Hoerikwaggo - South Africa

Após bela noite de sono em um abrigo do Parque (melhor que muito hotelzinho), era hora de preparar o café da manhã. Tarefa fácil em um abrigo que possui cozinha fartamente equipada com geladeira, fogão, microondas, torradeira e todo material necessário para um bom "breakfast", só tivemos o trabalho de pegar nossos mantimentos que foram levados pelos carregadores no dia anterior. Pode parecer esquisito mas, esta prática de contratar carregadores, para nós brasileiros ainda soa muito estranho mas, para os sul africanos é coisa corriqueira como quem contrata um serviço de guia em hotéis. Neste caso, o própio serviço de Parques Sul Africano oferece esta opção aos caminhantes. São carregadores treinados e credenciadas para tal.

O abrigo de Smitswinkel bay é acessível a automóveis e, como era sábado, nesse trecho ganhamos o reforço de um casal de amigos sul-africanos; André e Marike. André tem 36 anos e trabalha no ICLEI, uma ONG ambientalista . Marike, é veterinária e está na casa dos 55 anos. Caminhou a vida toda e tem o preparo físico de uma adolescente. Juntou-se ao nosso grupo como uma forma de treinar para a temporada que vai passar nas montanhas do Drakensberg em meados do ano. Coitadinha, não sabia que teria um dia de "maçarico" na cabeça.
Em um só tiro vamos do nível do mar ao topo de Swartkop, que está a 650 metros de altitude. Em menos de uma hora o abrigo fica pequenino. Marike foi a primeira a sentir os 40 graus de calor e a subida íngreme, pediu arrego. Logo em seguida Sandra colocou a língua pra fora. Eu e Pedro, antes de darmos vechame procuramos uma fenda em uma rocha que serviu de abrigo do sol, ou melhor, do maçarico que trabalhava a todo gás. Fomos subindo assim, de grão em grão até o cume mais alto, Swrtkop.

O visual era magistral, de um lado o Atlântico e do outro o Índico, céu azul e a montanha brilhava, eu estava em êxtase. Mas o sol...

Muitas fotos, filmagens e arrepios, que lugar... Não me lembro de ter caminhadao por trilha mais extasiante. Verdadeiro programa de índio, ou melhor, de deuses(para quem, gosta é claro!), subir, subir e subir... Suando a bicas e se hidratando o tempo todo fomos atravessando uma a uma as montanhas a nossa frente. Não havia uma única árvore a servir de testemunha de nossa subida, apenas arbustos, pedras e um visual de tirar o fôlego.

E tome subida. De acordo com o mapa, estávamos sempre na última. De acordo com a realidade, na melhor das hipóteses, aquela trilha recém galgada era a penúltima. Muitas ante-penúltimas foram vencidas até finalmente a cidade de Simonstown aparecer lá embaixo. Podiamos ver a praia, a água clara e banhistas se divertindo com suas bóias. Era de dar água na boca...

Mesmo sem estarmos com mochilas cargueiras às costas, levamos seis horas e meia para cobrir a distância. Tem coisas que só vivenciando podemos entender, eu não estava sentindo a menor falta da minha cargueira, apesar de amá-la muito, eu estava curtindo aquele treking de maneira poucas vezes possíveis em nosso país. Caminhar tantas horas e só carregar a mochilinha de ataque, poder chegar em um abrigo de montanha decente e ainda encontrar meus pertences parecia um sonho, que para muitos na África do Sul era realidade a muitas décadas.

O dia ia passando e o calor só aumentava, eu começava a ficar preocupado com a Sandra, se eu estava fritando imagina ela que não é nem de longe fã de sol como eu! A gatinha foi guerreira, em nenhum momento pensou e dar uma de patricinha!

A trilha não tinha o que errar, era só tocar pra baixo seguindo o caminho de pedras, por sinal meio abandonado mas mesmo assim em melhores condições do que muita trilha famosa em nossos parques.

O caminho para baixo é íngreme. Acompanha um antigo mecanismo de vários guindastes, cabos de aço e roldanas que servia para transportar equipamento pesado entre a base naval de simonstown e o campo de tiro da Armada, localizado em cima do morro.

Aos poucos fomos chegando na cidade. Fomos direto para um bom restaurante na beira, mas antes parei na primeira sombra que achei entre uns caras que vendiam artezanato, sentei entre eles i fiquei alguns minutos ali mesmo. Sandra já estava bem melhor, Marike traumatizado com o maçarico e Andrei estava bem. Pedro é forte, gosta de sofrer em silêncio mas, no fim também atinge o êxtase que os excursionistas tanto buscam ao subir as montanhas tanto no gelo ou no calor.

Fomos para dentro d'agua, mas é rápido, quase relâmpago, pois as águas da Baía Falsa, que banha Simonstown, têm a maior concentração de tubarões brancos do mundo. E eles não brincam em serviço. Todos os anos dois ou três banhistas e mais um par de surfistas acabam virando comida de um desses peixões.

Em Simonstown existe um tipo de Projeto Tamar para pinguins, isto mesmo, pinguins em uma praia protegida que recebe inúmeros visitantes todos os anos, é só pagar e entrar, alto nível!

Ao chegar no restaurante não exitei e pedi água e sorvete, não sei porque mas a coisa que eu mais queria era tomar um sorvete, muito sorvete... Cervejinha "Savana" com gelo e uma bela macorranada, eu nem estava com muita fome mas, a comida na África do Sul é ótima, os caras cozinham bem pra caramba.

Final de tarde agradável, porém dia pesado. Caminhamos muito e as pernas não estavam mais afim de nada.
Simonstown é a única parada da travessia Hoerikwaggo que não possue abrigo do Parque. Na verdade a cidade é turística, pacata e possue hotelzinho e hostel, mercadinhos e restaurantes, além da praia dos pinguins que vale a pena ser visitada.



Andrei e Marike tomaram rumo mas, não sem antes apelidar Pedro de "SADIST", para Marike, Pedro tentou assassiná-la na montanha e fritá-la com o próprio sol do verão sul-africano que não deixa nada a dever ao mais ardente verão carioca.

Achamos um hotelzinho e tibum na cama. Eu e Sandra ainda saimos a noite para tomar um suco pois, minha sede ainda não havia terminado. Eu estava meio desidratado e precisa repor para o dia seguinte. Pedro empacotou direto até o dia seguinte mas, o terceiro dia agente conta na próxima.
Até lá...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

1º Dia de Trilha entre Cape Point e Smitswinkel Bay 14km - Hoerikwaggo - South Africa

Olá pessoal,
Chegou o dia de começar a caminhar. Acordamos cedo e finalmente partimos para o nosso primeiro percurso de 15km.
Um dia lindo de céu azul, quente e com um vento agradável.Os carregadores partiram na frente levando nossas roupas e alimentos que iremos cozinhar nos abrigos durante sete noites.
Nosso amigo Pedro parte na frente e durante a caminhada vai narrando sobre as párticularidades do Cabo da Boa Esperança.
- O Local não foi escolhido por acaso. O grosso da navegação entre a Ásia e a Europa passa pelo Cabo da Boa Esperança. Por isso mesmo o local era um dos prediletos dos submarinos alemães incumbidos de afundar embarcações destinadas a abastecer a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial. O abrigo Erica, onde pernoitamos, foi construído nesse período para alojar a guarnição da bateria cuja missão era localizar e por a pique esses submersíveis. Não há ponto em toda a Península que comande vista mais ampla. A Guerra acabou mas a vista é eterna.

Na verdade o início da caminhda é um descida até o nível do mar onde podemos ver alguns animais como avestruz, baboons e alguns antílopes. Chegando na praia seguimos por um trilha que vai serpenteando a beira do mar até começarmos a subir depois de duas horas de caminhada. O sol começava a encomodar e o verão sul-africano não difere muito do verão carioca que beira os quarenta graus. Estrategicamente a trilha passa por um dos vários centros de visitantes do parque Nacional da Montanha da Mesa onde podemos nos alimentar e comprar algo gelado para afastar o calor. O Centro de visitantes é uma antiga sede de fazenda colonial desapropriada pelo Serviço de Parques Sul-africano para servir basicamente de apoio aos caminhantes e aos inúmeros visitantes do Parque. Pedro não exita e dispara:
- Fazer a trilha passar pelo Centro de Visitantes é uma bela estratégia de manejo. Convida o excursionista a ler sobre a história, as atrações e os desafios do Parque que percorre.
Aproveitamos o pit-stop e fomos observar os painéis com gráficos bem elaborados onde está explicado o processo de reintrodução de antílopes na Reserva do Cabo da Boa Esperança. Também ali estão explanados os males causados por espécies exóticas como o gato doméstico, a cabra himalaia , o eucalipto e a acácia, que sem controle, poderiam se expandir sobre o ecossistema de fynbos, que é o menor e mais diverso reino floral do planeta.

Até aqui estávamos ótimos, primeiro dia de caminhada por uma trilha bem manejada, limpa e sinalizada nos convidava ao êxtase e o mar apesar de frio estava cada vez mais convidativo. Quase quatro horas de caminhada e chegamos ao último trecho onde poderiamos tomar um banho de mar. A "Venus Pool", uma piscina natural de pedras foi iressitível e todos foram dar um tibum. Água gelada "freezen" do índico para mim e Sandra se tornou um banho de gato bem aproveitado em quanto Pedro não hesitou em dar vários mergulhos.

Agora é hora de voltar a subir. Um trecho bastante ígreme mas, concebido em ótimo zigue-zague e degraus de contenção e ótimos canais de drenagem confeccionados com pedras com objetivo de terem longa vida. Em algumas árreas podemos encontrar intervenções de concreto muito bem camufladas pela ação das emtemperes. Apesar de ter um uso intenço, atrilha se apresenta em ótimo estado de conservação.

Chegamos a um monumento que nosso amigo não tardou a explicar:
- Este monumento erigido pelos colonizadores flamengos a Vasco da Gama, que foi um dos primeiros marujos a dar a volta redonda ao Cabo.

O dia vai passando e as canelas vão dando os primeiros avisos de cansaço, quando Sandra viu mais uma subida íngreme desabafofou:
- Isto não acaba!? Pedro, cadê o abrigo?!
- Calma Sandrinha, de acordo com o mapaa, já está chegando, do alto deste morro veremos o abrigo, assim espero!

Ao chegar no topo do pico Judas com 319 metros e mais de cinco horas de caminhada, fomos contemplados com uma visão maravilhosa de todo o trajeto que trilhamos. Um vento forte vez amenizar o calor de mais de trinta graus que queimava nossas cacholas. Hora para gravar e tirar lindas fotos. LINDO, LINDO E LINDO. Ficamos estupefados com tanta beleza e para nossa alegria o mapa indicava certo, o abrigo Smistswinkel Bay estava logo ali, talvez dez ou quinze minutos de caminhda ladeira abaixo.

O Sol já começava a baixar e nós partimos para o abrigo onde nossas roupas e alimentos esperavam por nós, parecia um sonho!

Chegamos cansados mas, foi só tomar um banho preparar uma boa janta e dormir como anjos.
próxima vamos mostrar como é caminhar pela crista de uma montanha entre o Atlântico e o Índico.











Abraços,
Ivan, Sandra e Pedro.