Mais uma noite bem dormida em um excelente abrigo. Acordamos e a Sandra tratou logo de tomar um bom banho de água quente enquanto eu filmava e tirava fotos. Tomamos café da manhã, (todos os alimentos foram comprados previamente por nós e levados pelos carregadores junto com nossas roupas). Conhecemos um casal de idosos Sulafricanos que apenas passavam o fim de semana no abrigo e faziam curtas caminhadas pela praia ou pelas trilhas próximas. Disseram que costumavam frequentar os diversos abrigos do Parque em várias cidades do país e que era mais barato, natural e mais simpático do que ficar em hotéis que muitas vezes não apresentavam estrutura tão boa quanto ao abrigo. Neste ponto da excurção eu e Sandra caminhávamos com a maior vontade de chegar logo ao próximo abrigo e curtir o conforto de que não teriamos mais em trilhas tupiniquins, era um estímulo a mais...
Para não me alongar mais, é só conferir a descrição do abrigo no filme que postamos abaixo.
Estava tudo muito bom mas era hora de partir, a jornada seria longa, caminhada pela praia, subidas, descidas, subidas e mais subidas. Era o grande dia de subir a linda trilha de Chapman´s peak que na verdade já haviamos subido no ano anterior por outra trilha quando estivemos na África do Sul pela primeira vez.
Pedro nos lembrou que havia o risco da empreitada termina-se no escuro. O trajeto é longo e pesado. São19 km percorridos em quase 8 horas de pé na trilha.
Logo ao sairmos do abrigo, damos de cara com o farol de Slangkop, um dos muitos existentes na Península. A região é um cemitério de navios, centenas de embarcações naufragaram no litoral de Cape Town, que acabou ficando conhecido pelos marujos como Cabo das Tormentas.
Pra falar a verdade, eu não estava com nenhuma vontade de sair, é que o abrigo era muito aconchegante, a beleza do farol de Slangkop ao lado, o mar quebrando altas ondas a nossa frente, o som das gaivotas, céu azul e a senssação de liberdade era tão grande que eu simplismente estava em êxtase, por mim, ficari o dia todo curtindo aquele pedacinho do paraíso. Mas, tinhamos 5,5 km da praia para atravessar e o sol na região é igual ao nosso verão carioca. Antes de chegar ao início da caminhada pela praia, tivemos de caminhar dois quilômetros em uma passarela de madeira, construída para proteger a frágil vegetação de dunas e de banhados, ambas extremamente ameaçadas na África Meridional, tarefa que para mim apenas fazia aumentar minha sensação "céu na terra".
Bem, começamos a atravessar todo o trecho e o vento de mãos dadas com o sol não deram trégua, foi uma caminhada dura mas, chegamos lá.
No final da praia fizemos nossa parada estratégica e tomamos um banho para nos preparar para a subida íngreme e quente de Chapman´s peak.
A subida mescla degraus e trechos em zigue-zague pensados para mitigar a erosão. Enquanto isso, esplêndidas vistas de Hout Bay e Noordhoek Beach enganam o cansaço e estimulam frequentes paradas para apreciar a obra divina.
Ao chegar ao topo de Chapman´s Peak gravamos rapidamente porque o vento no cume era muito forte e tinhamos muito que caminhar ainda. Quando já estávamos descendo Pedro se deu conta que havia perdido seus óculos de sol, por sorte rebubinamos a gravação do vídeo e vimos que seus óculos haviam caído enquanto gravávamos no pico. Eu e Sandra ficamos na trilha e ele teve que dar mais um "tiro" até o pico para pegar os óculos.
Ok, vamos andando porque tinhamos que subir novamente. E tome morro acima! Só depois de topar a cumeeira de Noordehoek com 689 metros acima do nível do mar é que nossas pernas exaustas ganham o direito de acompanhar a força da gravidade enquanto nos levam ao abrigo de Silvermine.
Durante o percurso a trilha estava impecável, drenagens são ítens que não faltam na trilha e tudo com ótima manutenção, digna de primeiro mundo, um luxo!
Mais uma hora e meia de dureza nos músculos, temperada por um panorama belíssimo. Quando finalmente chegamos à represa de Silvermine o dia já vai querendo se fazer noite.
Na represa arriscamos um banho rápido para aliviar o cansaço. Nestes lugares é bom tomar cuidado pois, eu não vi uma pedra grande e encalhei na terceira braçada, pronto, ganhei uns belos arranhões no peito que me fizeram inaugurar meu estojo de primeiros socorros, nada grave mas, doeu bastante na hora. Sandra ficou preocupada e Pedro ria e me sacaneava sem parar.
Tudo bem, estávamos em "casa", era hora de curtir a mordomia de mais um excelente abrigo de montanha e para variar, nossas bagagens já estavam lá nos esperando. Agora era tomar banho, cozinhar e relaxar para o dia seguinte de caminhada até Orange Kloof
Vale lembrar que haviamos encomendado no abrigo anterior, um saco de lenha para fazermos uma fogueira ao anoitecer. Vale lembrar que é proíbido cortar lenha para fogueioras, neste caso você pode encomendar um saco, similar aos de gelo aqui no Brasil. Depois é só utilizar um local apropriado ao lado do abrigo com mesa e bancos para a pratica de churrascos ou fogueira.
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