quarta-feira, 27 de julho de 2011

5ª Dia de Caminhada entre Silver Mine e Orange Kloof 17km - Hoerikwaggo trail - South África

Mais uma noite bem dormida e é hora de colocar o pé na trilha. Hoje faremos 17km de caminhada subindo e descendo montanhas. O problema é que o sol não tem dado trégua e antes de sairmos do abrigo, já estamos suando. Mas nem tudo está perdido. Resolvemos nadar na represa de Silver Mine antes de começar a subir para nossa primeira parada em Elefant´s Eye.

A represa abasteceu a Cidade do Cabo durante décadas. Recentemente foi adicionada ao Parque Nacional da Montanha da Mesa que resolveu investir na recuperação da mata nativa, retirou a vegetação exótica, recuperou/sinalizou as trilhas e construiu uma trilha em plataforma ao redor da represa para que qualquer cadeirante ou carrinhos de bebê possam desfrutar da natureza de forma segura e prazerosa. Encontramos vários grupos banhando-se na represa com seus filhos pequenos nas mesas de piquenique ou realizando sua festinha de aniversário. Vale lembrar que na África do Sul é comum encontrar famílias realizando as mais diversas comemorações ao ar-livre.
A água é de tom ferruginoso e a temperatura agradabilíssima. Eu não exitei e nadei vários metros represa adentro. Apesar do belíssimo lugar, não encontrei um único guarda vidas trabalhando no local, o que a meu ver não deveria acontecer. Encontramos uma cadeirante inglesa "Louise" que nos deu sua impressão sobre o local. “há tantos lugares na África do Sul onde o cadeirante pode passear na natureza que não me canso de passar férias aqui. Perto do Reino Unido, este país é o paraíso!”

Estava tudo tão agradável que cheguei a sugerir que ficássemos mais algumas horas nos banhando em águas tão paradisíacas mas, não teve jeito, era hora de colocar o pé na trilha e começar a subir até a gruta do "Olho do Elefante".
30 minutos de caminhada e alcançamos a gruta onde nos refugiamos do sol. Para falar a verdade, não sou nenhum fã de gruta, eu as acho úmidas de mais para minha renite alérgica e sempre me vem à cabeça que algum escorpião pode estar a espreita esperando para se exercitar sobre uma pele humana. Paranóias a parte, minhas turbinas já estavam ligadas e eu queria é caminhar!
A partir da gruta iniciamos uma caminhada de 3 horas. Pedro e Sandra andavam a minha frente enquanto eu gravava imagens para o vídeo. O sol já estava "maçarico" e tive de apelar mais uma vez para minha sombrinha verde que pode não ser muito convencional mas, ajudou muuuuuuuito!

No caminho encontramos algumas trilhas sinalizadas destinadas à pratica de mountain bike. Trilhas que recebem forte manejo e não interferem em nada sobre os caminhantes. Alguém saberia me responder quantos Parques Nacionais Brasileiros possuem trilhas destinadas a Mountain bike?!

Caminhamos por mais uma hora antes de chegarmos em um pequeno corredor de não mais de dez metros de largura por quatrocentos de comprimento. Esta passagem possibilita a descida de uma montanha em direção a Orange Kloof, onde está o abrigo da próxima noite.
Foi desapropriado de uma vinícola local. Sem ele não haveria ligação nenhuma entre duas partes do Parque. Hoje esta passagem atende bem aos excursionistas. Espera-se, entretanto, que também sirva de passagem para migração da fauna local.

Após caminhar pelo corredor foi preciso atravessar uma rua larga e entrar na área de Orange Kloof, onde existe uma das poucas florestas remanescentes na Península do Cabo. Por sorte, encontramos neste ponto uma banquinha, tipo camelô, que vendia uvas, bananas e mangas, era tudo que queríamos. Lembro que neste dia andamos muito e que na hora do pôr do sol ainda não havíamos encontrado o abrigo. Estávamos com fome e sede, o dia havia sido muito quente e muito mais árduo do que esperávamos.
Pensávamos que havíamos chegado ao abrigo mas, foi mera ilusão. Deste ponto em diante não havia mais sinalização e tivemos que andar por mais uma hora. A Sandra já estava no "bagaço". O vento estava aumentando e o sol ia se pondo. "Estávamos perdidos" e ao lado do abrigo sem saber, "Se fosse uma cobra mordia a gente".
Ok, nossos navegadores acharam o caminho (nada como um bom mapa) e chegamos à noite ao abrigo que, sem sombra de dúvidas, era um dos mais aconchegantes de todo o trajeto. Boas camas, lareira, café, chá e uma recepção tão simpática que dormimos como anjos sobre um deck de madeira ao calor de uma fogueira, produzida com madeira de reflorestamento previamente comprada e transportada por nossos carregadores que haviam chegado antes de nós.

Agora é esperar o dia seguinte e partir para o alto da Table Mountain.

Abraços,
Ivan, Sandra e Pedro.

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